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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ser homem é:

Homens! Finalmente um post dedicado a vocês... Por favor, não levem para o lado pessoal. Os privilégios são de um grupo e não necessariamente individuais. O primeiro passo pra não ser preconceituoso é observar os seus privilégios, o privilégio que significa ser homem.
Ah, o objetivo do post também não é incitar uma guerra entre os sexos e sim uma reflexão conjunta. Afinal, a luta contra o machismo é de todos. Homens e mulheres!

Vou, então, citar alguns privilégios dos homens, vejam se concordam:

Ser homem é:
  •  Ganhar um salário maior simplesmente por ser homem;
  •  Não ser considerado “disponível” apenas por estar sozinho;
  •  Ser escutado porque tem algo interessante a dizer e não por ser atraente;
  • Não te dizerem que pra você ser um homem completo e realizado você precisa ter filhos;
  • Não ter que fazer essa técnica de tortura medieval comumente chamada de depilação e se não fizer ser chamado de relaxado;
  • Poder ter muito mais liberdade de sair quando criança/adolescente que sua irmã;
  • Poder sair à noite sozinho e se preocupar em ser apenas assaltado;
  • Não ter o risco de ser agarrado na rua, como se seu corpo fosse público;
  • Dar um “bom dia” e receber um “bom dia” e não um “bommm diiiiiiiia” com um olhar malicioso;
  • Não ouvir baixarias toda vez que sai de casa, sentindo que seu corpo está constantemente avaliado;
  • Poder cometer muito mais acidentes de trânsito e ainda assim ser visto como um bom motorista;
  • Não ter seus sentimentos menosprezados, porque, afinal, pra estar tão sensível, só pode estar com TPM;
  • Poder ter uma vida sexual ativa, com várias parceiras e ser chamado de “garanhão”, e não de “galinho”, “puto”, “piranho”, “vadio”;
  • Não ser induzido a fazer práticas abusivas e procedimentos cirúrgicos de inserção de silicone para “turbinar” o corpo para os outros avaliarem;
  • Não apanhar em casa, porque lá não haverá alguém que se ache mais forte que você no direito de te bater;
  • Acreditar que os outros homens possam ser seus amigos do peito e não adversários ameaçadores;
  • Poder beber até cair sem ser estuprado;
  • Não ter que ser denominado “Filé” como se fosse um pedaço de carne exposta num açougue;
  • Não ter semelhantes seus comparados a homens frutas como se estivessem num sacolão prontos a serem consumidos;
  • No trabalho, alguém não pedir pra você trazer o café;
  • Poder deixar de ser virgem o mais cedo possível, e no futuro, nem lembrar a idade que você tinha, porque nem teve tanta importância;
  • Não ter que se sacrificar pra ser considerado belo;
  • Não ser induzido a trocar de nome quando casar;
  • Não ser tratado como idiota, ou como alguém que não vai entender o que está sendo dito;
  • Não ter que ouvir piadas sobre coisas que fazem parte da sua realidade e te atormentam (o estupro, por exemplo);
  • Não ter que gastar tanto do que ganha em salões de beleza e cremes de beleza inúteis;
  • Poder envelhecer e ter seus cabelos brancos associados à beleza e charme;
  • Ter rugas associadas à experiência, vivência, história de vida e não ser considerado uma “uva passa”;
  • Poder ser sexualmente desejável, apesar da idade;
  • Poder se relacionar com alguém bem mais jovem sem que ninguém ache estranho ou olhe com desconfiança;
  • Ter 30 anos e ser considerado na flor da idade e não alguém que já deveria ter casado porque agora vai ficar difícil;
  • Ter uma ciência (feita por homens) para legitimar o seu comportamento animalesco como “natural” e “instintivo".
Ufa, como deve ser difícil ser homem...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

No meu corpo eu mando e só toca quem eu quero!

“Eu adoro viver sem amarras, amo fazer sexo, gosto de dançar, me visto como bem entendo e adoro respeito! Eu sou dona do meu corpo, e ninguém vai me tocar sem consentimento!”


Depois do episódio acontecido no Reality Show da Rede Globo esta semana, que todos já estão cansados de saber, tenho lido comentários de revirar o estômago. E realmente fico me perguntando, até quando nós mulheres teremos de conviver com situações desse tipo?
Ao contrário do que coloca a sociedade machista, que induz as mulheres a verem as outras como inimigas ou uma ameaça constante, não vejo as mulheres como rivais, pelo contrário, quando mexem com uma eu me sinto ofendida também.
Falar de violência contra a mulher tem se tornado um assunto cada vez mais freqüente e o que antes se restringia a ambientes domésticos e locais obscuros, agora se faz em rede nacional! O fato é, há suspeita de que uma mulher foi violentada diante das câmeras da maior rede de televisão do país e impressionantemente o programa prossegue e a emissora sequer foi obrigada a retirá-lo do ar, por ter permitido a cena e não ter interferido no momento. 
Isso nos abre espaço para entender o que faz com que alguns pensem que o fato de uma pessoa sofrer um ato contra sua vontade, seja considerado “nada demais”, e ainda se torne alvo de brincadeiras.


Vimos também o machismo se expressar, partindo de homens e mulheres, com os comentários que tentavam justificar o abuso: "Ora, mas ela se insinuou!", "Dormiu? Vai tomar dormindo!", C* de bêbado não tem dono!". Pasmem! Vi comentários desse tipo. Só faltou o "Joga Pedra na Geni!"
Alguns ainda defendiam que a moça teria que sair do programa também, porquê ela seria "puta", "galinha", "vagabunda" e outros adjetivos depreciativos de baixo calão. Ora meu povo, o que está sendo julgado não é isso. Pouco me interessa o que a moça faz da vida, isso não é um julgamento moral.


O que mais me incomoda nessa história toda é o fato de as próprias mulheres se culpabilizarem com esses casos. Dificilmente uma menina assume uma violência sexual devido à vergonha, porque acha que ela própria motivou o crime. Quer maior crueldade que essa?
A mulher na condição de vítima ainda tem de se considerar culpada, pois foi educada a acreditar que um crime desses só é motivado por ela mesma, seja pela roupa que usou, pela atitude provocante que teve, pela vulnerabilidade da bebida, etc.
No caso do Reality Show, não foi diferente. A própria mulher, em depoimento, afirmou que não havia acontecido nada, mesmo com cenas de um vídeo que passou ao vivo, de onde partiram as acusações.  “Me chamaram para perguntar se tínhamos feito alguma coisa. Eu sei que não fiz, mas começo a pirar. Será que eu fiz? Será que não? Estou muito mal com isso”, disse a moça.
Incrível perceber como passamos de vítimas à culpadas num passe de mágica...


O fato é que nenhum homem tem o direito de tocar numa mulher sem o seu consentimento. Somos donas do nosso corpo! Fazer um ato contra a nossa própria vontade é crime! Pra quem sofre um abuso sexual pouco deve importar se houve uma penetração ou não. O que importa é o grau de crueldade que carrega um ato como esse, onde o corpo da mulher se torna um objeto saciável, uma boneca inflável pronta a oferecer prazer ao indivíduo do sexo masculino, sendo pra isso necessário o uso da força ou da falta de consciência da vítima.
A sociedade machista educa os homens a verem as mulheres como um pedaço de carne, resumida a peitos, coxas e bundas. Se a mulher for “gostosa”, estiver com pouca roupa e bêbada, rapidamente encontram um motivo pra justificar o assédio, ou neste caso, o crime.


Me entristece saber que sempre haverão diversas justificativas quando o assunto é a violência contra a mulher. Neste caso, vamos aguardar para ver o desfecho, certamente mais uma impunidade se aproxima. O cara foi expulso do programa, a audiência aumentou (ou diminuiu? pouco importa...), quase todos falaram no programa (inclusive eu, que odeio televisão!).
Mas, não, eu não tenho estômago para falar mais sobre esse programa, que pelos comentários que leio/escuto, ano após ano se degenera mais. Também não aguento mais esse nível de violência contra as mulheres e não suporto mais continuar ouvindo as mesmas e velhas justificativas machistas e criminosas...

As Mulheres não são estupradas porque são vagabundas ou usaram saia curta; elas são estupradas porque alguém as estuprou.





quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Cadê a discussão sobre Belo Monte?

As mobilizações nas redes sociais são bem legais, mas como tudo nesse meio internauta “twitterfacebookiano” parece ir e vir como vento. Algo que mexeu com todo mundo no final do ano passado, que fez até com que os menos politizados fizessem uma postagem ou dessem uma opinião, foi o bafafá sobre a Usina de Belo Monte.
O que impulsionou todo o envolvimento das redes foi um vídeo feito por artistas globais, representando o movimento Gota d’água. O vídeo trouxe entre vários rostos bonitos a pergunta “Você já ouviu falar na hidrelétrica de Belo Monte?” A pergunta foi feita pela atriz Juliana Paes e foi ouvida por 3,2 milhões de pessoas.
 É... Parece que a pergunta foi respondida. Boa parte da população, em especial a juventude brasileira desconhecia o assunto, ou não tinha uma opinião formada sobre o mesmo, e no mesmo instante. PLIM! Todo mundo estava contra a usina! Quanto poder esses artistas tem, hein? Enfim, puderam fazer uma coisa boa...

As falas em defesa dos índios, dos rios, da floresta amazônica tomaram conta, mas não durou muito... Logo depois, veio uma avalanche de vídeos contrários, contrários a esse posicionamento e a favor da usina. Vídeos que vieram contrapor os globais engajados. Como esse aqui, chamado “tempestade em copo d’água”.
Esse vídeo foi utilizado por uma galera que acha que pensa, ou que pensa de acordo com seus próprios interesses, e virou mais um fenômeno na rede. Começaram a rolar na internet, outros vídeos, feitos por estudantes playboys da engenharia de algumas universidades públicas.

Os vídeos pareceram ser feitos com patrocínio dos maiores defensores e beneficiários da usina, pelo governo, ou pelas construtoras. No mínimo. E vieram colocando os problemas ambientais como “exageros”.

Estes vídeos, feito por estudantes de engenharia de várias universidades, somados, passou o numero de exibições do vídeo dos atores. E pela harmonia de divulgação, organização, só os mais desatentos não desconfiariam que eles foram PATROCINADOS. Ou alguém acredita mesmo que os estudantes de engenharia se mobilizariam por alguma causa social? Difícil hein. Quem já fez movimento estudantil sabe que não é assim que a banda toca...

A Revista Veja, com seu orgulho reacionário, na mesma semana publicou como matéria principal. Adivinhem? Os boyzinhos e patygirls da Engenharia (eles se amam...).

Por fim, vieram os vídeos produzidos na própria localidade, portanto dito pelo não dito, fico sempre com quem tem conhecimento de causa, com quem sente na pele. E esses vídeos deram conta disso, mostram como a população local está sofrendo com o processo de construção da usina...

 Vídeos dos estudantes paraenses:
Esse também é dos paraenses:
Por fim este, que em especial sintetizou tudo muito bem. Mescla o discurso dos playboys queridinhos da Veja com imagens e depoimentos de quem realmente vive a realidade local. Esclarecedor! 




 Ontem, dia 03 de janeiro, houve mais uma (dizem que a última) desapropriação de terras para a construção da hidrelétrica. O Movimento Xingu Vivo, nome alusivo ao rio amazônico que hospedará a usina, contesta o tamanho da mega desapropriação - equivalente a 282 mil campos de futebol. “Essa decisão envolve uma área gigantesca e afeta a vida de milhares de pessoas. E isso não estava previsto no projeto original. Mesmo assim, o governo toma essa decisão de forma anti-democrática, sem sequer ouvir a população afetada”, diz a coordenadora do movimento, Antônia Melo. “Nós fomos pegos desprevenidos. A decisão foi tomada em meio aos feriados de final de ano, quando as pessoas estão desmobilizadas. Não houve uma única audiência pública para discutir essa questão.”

O fato incontestável é que as tribos indígenas estão sendo arrancadas, como mandiocas da terra. A usina de Belo Monte vai alagar, inundar e destruir 640 km² de floresta amazônica. Onze municípios estão na área de abrangência da usina e 640 km² serão alagados (área maior que Curitiba). Na zona rural serão inundados mil imóveis e 18 escolas e o número de desalojados pode chegar a 40 mil pessoas. A diminuição do nível do rio gerará grande impacto ambiental e social para a região da bacia do Xingu. Serão afetados direta ou indiretamente 21 comunidades quilombolas e 30 terras indígenas.

E o ápice da esquizofrenia, Belo monte produzirá quatro meses por ano, utilizando apenas 40% do seu potencial, isso classifica a hidrelétrica como um dos projetos brasileiros de menor eficácia energética...

O que observamos nessa briga de foice, é que foi grande a disputa ideológica em torno desse tema. mas  agora, o debate vai continuar?