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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

No meu corpo eu mando e só toca quem eu quero!

“Eu adoro viver sem amarras, amo fazer sexo, gosto de dançar, me visto como bem entendo e adoro respeito! Eu sou dona do meu corpo, e ninguém vai me tocar sem consentimento!”


Depois do episódio acontecido no Reality Show da Rede Globo esta semana, que todos já estão cansados de saber, tenho lido comentários de revirar o estômago. E realmente fico me perguntando, até quando nós mulheres teremos de conviver com situações desse tipo?
Ao contrário do que coloca a sociedade machista, que induz as mulheres a verem as outras como inimigas ou uma ameaça constante, não vejo as mulheres como rivais, pelo contrário, quando mexem com uma eu me sinto ofendida também.
Falar de violência contra a mulher tem se tornado um assunto cada vez mais freqüente e o que antes se restringia a ambientes domésticos e locais obscuros, agora se faz em rede nacional! O fato é, há suspeita de que uma mulher foi violentada diante das câmeras da maior rede de televisão do país e impressionantemente o programa prossegue e a emissora sequer foi obrigada a retirá-lo do ar, por ter permitido a cena e não ter interferido no momento. 
Isso nos abre espaço para entender o que faz com que alguns pensem que o fato de uma pessoa sofrer um ato contra sua vontade, seja considerado “nada demais”, e ainda se torne alvo de brincadeiras.


Vimos também o machismo se expressar, partindo de homens e mulheres, com os comentários que tentavam justificar o abuso: "Ora, mas ela se insinuou!", "Dormiu? Vai tomar dormindo!", C* de bêbado não tem dono!". Pasmem! Vi comentários desse tipo. Só faltou o "Joga Pedra na Geni!"
Alguns ainda defendiam que a moça teria que sair do programa também, porquê ela seria "puta", "galinha", "vagabunda" e outros adjetivos depreciativos de baixo calão. Ora meu povo, o que está sendo julgado não é isso. Pouco me interessa o que a moça faz da vida, isso não é um julgamento moral.


O que mais me incomoda nessa história toda é o fato de as próprias mulheres se culpabilizarem com esses casos. Dificilmente uma menina assume uma violência sexual devido à vergonha, porque acha que ela própria motivou o crime. Quer maior crueldade que essa?
A mulher na condição de vítima ainda tem de se considerar culpada, pois foi educada a acreditar que um crime desses só é motivado por ela mesma, seja pela roupa que usou, pela atitude provocante que teve, pela vulnerabilidade da bebida, etc.
No caso do Reality Show, não foi diferente. A própria mulher, em depoimento, afirmou que não havia acontecido nada, mesmo com cenas de um vídeo que passou ao vivo, de onde partiram as acusações.  “Me chamaram para perguntar se tínhamos feito alguma coisa. Eu sei que não fiz, mas começo a pirar. Será que eu fiz? Será que não? Estou muito mal com isso”, disse a moça.
Incrível perceber como passamos de vítimas à culpadas num passe de mágica...


O fato é que nenhum homem tem o direito de tocar numa mulher sem o seu consentimento. Somos donas do nosso corpo! Fazer um ato contra a nossa própria vontade é crime! Pra quem sofre um abuso sexual pouco deve importar se houve uma penetração ou não. O que importa é o grau de crueldade que carrega um ato como esse, onde o corpo da mulher se torna um objeto saciável, uma boneca inflável pronta a oferecer prazer ao indivíduo do sexo masculino, sendo pra isso necessário o uso da força ou da falta de consciência da vítima.
A sociedade machista educa os homens a verem as mulheres como um pedaço de carne, resumida a peitos, coxas e bundas. Se a mulher for “gostosa”, estiver com pouca roupa e bêbada, rapidamente encontram um motivo pra justificar o assédio, ou neste caso, o crime.


Me entristece saber que sempre haverão diversas justificativas quando o assunto é a violência contra a mulher. Neste caso, vamos aguardar para ver o desfecho, certamente mais uma impunidade se aproxima. O cara foi expulso do programa, a audiência aumentou (ou diminuiu? pouco importa...), quase todos falaram no programa (inclusive eu, que odeio televisão!).
Mas, não, eu não tenho estômago para falar mais sobre esse programa, que pelos comentários que leio/escuto, ano após ano se degenera mais. Também não aguento mais esse nível de violência contra as mulheres e não suporto mais continuar ouvindo as mesmas e velhas justificativas machistas e criminosas...

As Mulheres não são estupradas porque são vagabundas ou usaram saia curta; elas são estupradas porque alguém as estuprou.





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